terça-feira, 16 de setembro de 2008

sem ti....

Nunca pensei ser tão longa a distância entre os dois. Quando o teu olhar me transportava pela luz que não sabia existir, julguei ter-te aqui ao lado – mesmo assim e apesar de tão longe alcanço-te, as florinhas que me enfeitam o cabelo num dia de primavera acabada de chegar, dizem-me que, como as andorinhas regressas, tu como as marés, revoltas, inconstantes e regressas – não me sais do corpo, esventras-me o coração com o som dos dedos que ficaram e não posso arrancar de mim…. Engelhas-me a razão, como o lençol depois do sono que não conseguimos… a voz que vem da terra enviada pela chuva, pergunta se algum dia foste, como posso negar a gaivota que todos os dias me aterra e me sussurra a melodia que juntos tocamos? Como posso negar a manhã cinzenta que não deixaste ser? Contigo veio a noite e a escuridão que ficou, todos os sentidos me magoam quando vejo o teu nome, tu tão aqui e eu tão sem ti… quem me dera encontrar-te mais uma vez escondido junto ao sítio onde tive a certeza que fomos, quem me dera nunca ter deixado a cortina que nos separava voltar a cair… quem me dera ter-te, não a ti porque na verdade já te tenho, quero a voz, o respirar que me adormece, a pele que me penteia a saudade e me arrepia a memória…. Quem me dera ter-te aqui….

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

em mim.....

Lembro o segundo em que junto à porta me abraçaste, o beijo que me deste e que não senti foi a fugir.... nunca mais te vi.... levaste contigo o meu chão, o que tinha de melhor - a esperança - julgava que o medo pertencia aos fracos, que tontinha.... o medo pertence-nos, nasce e cresce dentro de nós todos os dias - " entre a dor e o nada prefiro a dor " ( por medo do nada ) , estamos habituados a sofrer, é tão difícil ser feliz.... não me parece disparatado dizer que o amor e a morte são em tudo iguais, não podemos viver sem eles, o mistério da morte e do amor comandam os nossos dias, sabemos que existem e aguardamos o momento de os encontrar. Nos dias que se seguiam julguei que a qualquer instante encontrava a morte, fiquei nada sem ti fiquei medo e dor.... o sorriso.... o corpo, como as frutas num inverno rigoroso, queimaram com a geada da tua partida, era tão feliz, juro que não tinha medo.... hoje sei que o que tinha era nada, o amor não foge como um beijo, um amigo costuma dizer-me, " o cavalo branco passa uma vez " , aprendi o medo, a verdade da esperança e posso dizer-te - o medo mora em mim...

O Meu Primeiro Beijo.....

Revejo nesta noite, a paisagem solarenga de infância, oiço a água do rio que corre e toca a ponta dos meus dedos, a agua é fria mas aquece-me a alma.... o vento dança entre a folhagem antiga e espalha um aroma a terra, a verdade , um cheiro que só ali se pode sentir ( quantas vezes ali brinquei ), o calor também é diferente, aquece tanto que me refresca, inunda-me a memória, envolve-me o corpo como as tuas mãos em mim que vão deixando atalhos para o desconhecido, a boca tão perto da minha, adivinha o sabor da amora, que juntos provamos debaixo das estrelas nesta noite solarenga.... as águas límpidas que espelham a claridade da lua turvam-me a razão, conduzes-me como um barco, daqueles grandes que nem sei o nome, és o marinheiro de mim, eu tão igual ao rio selvagem que acorda e adormece sozinho, juntos ( eu e o rio ) sabemos o lugar onde ficam essas imagens, um dia voltamos lá..... ao meu primeiro beijo....