terça-feira, 31 de março de 2009

Quem eu encontro de vez em quando


Mal deitei o pé ao mundo, herdei imediatamente todas aquelas coisas da história filogenética, nome que inventaram para o banal, para a estupidez deixada pelos antepassados. É mesmo assim essa coisa da história filogenética, mesmo que não se queira tem que se levar .
Obrigadinha!

Amparada pelos braços da minha mãe, responsável por me alimentar e enfim, assegurar a satisfação de todas as minhas necessidades básicas, lá fui eu para casa. Conheci a família, amigos e vizinhos, conheci muita gente, aprendi imensas coisas.
Já criança espigadota, fui para a escola, conheci a professora, os coleguinhas e aprendi imensas coisas, mudei de casa, mudou a família, ganhei mais vizinhos, continuei a aprender coisas, a crescer, a conhecer gente. O corpo foi mudando, as paisagens foram mudando, tudo isto e mais umas borbulhas na cara, umas idas ao hospital, um porquinho mealheiro, uns lacinhos, as calças rasgadas e á procura, sempre á procura.
Lá vou eu e mais as borbulhas para onde se aprende a ser doutor, um sítio onde explicam umas merdas a uma montanha de palermas como eu, eu sentada numa fileira de mesas com uma pilha de papelinhos para ler, a miupia a aumentar e a acompanhar o conhecimento científico do comportamento humano (ainda estou baralhada em relação a isto, comportamento ou expressão?).
Umas bebedeiras, uns quantos neurónios a menos, fases do sono a repor e já sem borbulhas mas ainda de calças rasgadas, sigo em busca de uma coisa que precisamos para continuar a crescer, O ORDENADO, escudos que entretanto também mudaram para euros. Foi-se o porquinho, ganhei uma conta bancária e uma serie de problemas, conheci o contabilista, a fila das finanças e a fila da segurança social, mais tarde e depois de uns electrochoques fiquei-me pelo contabilista e vá lá, com o ordenado.
A esta altura descobri que andava a procura de independência, de liberdade, que tinha de aprender a responsabilidade, que para ser livre tinha de ser responsável, blá, blá, blá…
Os montes de papéis, os vizinhos, as borbulhas, o contabilista, estou-me cagando para tudo, que triste sorte, isto de passado filogenético, sim porque supostamente recebemos dos nossos antepassados características que determinam certos comportamentos, traços de personalidade, basicamente nascemos com uma “ formataçãozinha” do sistema que eventualmente explica o estereótipo a que se resume a nossa vida.
Continuo a crescer, continuo na escola, cega, perdida na imensidão de coisas que não posso ver mas, posso sonhar… encontro os meus vizinhos, os professores, o contabilista, encontro-os todos os dias, a mim, encontro-me de vez em quando.

1 comentário:

Anónimo disse...

Presumo que mantenhas também as calças rotas, agora não por vontade, mas por simpatia ao estado da economia e aos desgovernantes do nosso país...
Fim do mundo em tanga....
Pelo menos tens o meu amor.
Obrigado por seres como és...
Amo-te...
Miniwicky, o anónimo.